11 de março de 2015

Não se Torne um Enochato by Haroldo Dominguez Biochini

 
   A cultura do vinho é fascinante, e ao primeiro contato com ela queremos logo compartilhar com a família, amigos ou conhecidos tudo que aprendemos.

   Esse é o problema.

   Nem sempre as pessoas estão ligadas em sua freqüência.

   Portanto, é preciso tomar uma vacina preventiva, um “autocuidado” para não se tornar um Enochato.

   Todos enófilos passam por isso. A seguir alguns pontos de atenção:

   - Diante dos amigos, evite ficar descrevendo o vinho como se estivesse numa degustação técnica:

   "Reflexos violáceos, aromas complexos, taninos educados, retro gosto de alta persistência..."

   Seu interlocutor vai sonhar com uma cerveja gelada diante de tão rico comentário.

   - Girar o copo no sentido horário e com inclinação de 26,47º em relação a Greenwich, fungar dentro da taça, revirar os olhos...

   - Não ter mais saca rolhas do que sapatos.

   - Ficar insistindo na pronúncia correta, do nome da uva Gewürztraminer.

   - Não critique o vinho oferecido por um amigo, mesmo que você o deteste.

   Guarde com você comentários como "falta corpo", "pobre em aroma", “alcoólico demais".

   Seja discreto e deixe o vinho descansando eternamente no copo.

   - Em um restaurante, no serviço de vinho, prove-o rapidamente.

   Não é necessário ficar meia hora agitando e cheirando o copo.

   Esse é um dos sintomas clássicos do enochato.

   - Evite entrar em discussões inflamadas sobre o melhor vinho, a safra inesquecível, a uva mais importante.

   O melhor vinho é aquele que mais lhe agrada, essa é a grande verdade.

   - Petróleo, raposa molhada, carne de caça, pêlo queimado, chão de folhas úmidas no bosque, aroma de trufa com beterraba francesa e notas de cardamomo, o odor de folhas de jasmim pisoteadas às margens de um vinhedo no crepúsculo ibérico, repolho cozido adocicado com fundo de peroba rosa ou a essência perfumada de chocolates típicos de uma confeitaria de Viena...

   Assim são descritos os aromas de alguns vinhos especiais.

   Na verdade "especiais" são aqueles disponíveis na maioria das adegas particulares.

   Portanto, esqueça essas expressões.

   Lembre-se de que existem ocasiões certas para você exibir seus conhecimentos sobre vinhos.

   Restaurantes, reuniões com os amigos, jantares informais são ocasiões descontraídas, de lazer.

   Nada de ficar discursando sobre as qualidades da uva X, da safra Y, do produtor Z.

   Quando o Enochato começar a armar a expressão de entendido você sai na frente e diz:

   “...tem um quê aveludado, lembra açafrão marroquino colhido antes do amanhecer...com notas de café damasco”.

   Nota: Gewürztraminer se pronuncia: gue vurz trá mi ner (uva branca muito aromática)

   “Que o vinho seja apenas fonte de alegria e prazer.”

   Este é um texto “colcha de retalhos” de sites da internet, a partir de “toques” de anti enochatos.

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